Thursday, August 13, 2015

Monge do Sri Lanka em São Lourenço

O monge budista irá palestrar no próximo sábado e tem planos de residir na cidade

A palestra sobre os Princípios e Fundamentos da Meditação Budista acontece no próximo sábado, dia 15 de agosto, às 19:00h, na av. Damião Junqueira de Souza, nº 740, Fundação CIMAS.
O monge budista Liyanwela Udithasiri Thero, do Sri Lanka, está viajando pelo mundo há 2 anos com o objetivo de propagar a cultura, filosofia e prática budista.
À convite da associação Dhamma Ghara de São Lourenço, o monge veio para a cidade há uma semana e pretende residir por um período, aproveitando a oportunidade para ensinar práticas budistas para toda a população.
O jornal Correio do Papagaio visitou a Associação e conversou com o monge Uditha. Ele se sente muito bem recebido no Brasil e está gostando muito da cidade e das pessoas.
O jovem monge tem apenas 24 anos, mas entrou para a vida monástica aos 13 anos. “Desde criança tinha interesse em ser monge. No Sri Lanka a figura do monge é muito comum e é comum também os jovens tornarem-se monges”, conta Uditha. “Na época não entendia direito o que isso significava, mas via como os monges viviam vidas tranquilas e como as pessoas respeitavam o monge e como ele ajudava as pessoas, a forma como ele falava”, explica.
A linha espiritual seguida pelo monge cingalês é o budismo Theravada, que segue os ensinamentos de Sidarta Gautama Buda.“O mais importante para mim é evoluir dia a dia, segundo a segundo a minha humanidade. Desenvolver o meu caráter, não só para mim mas também para outros, para ser uma pessoa especial, um exemplo de caráter e conduta”, afirma.
Durante a entrevista, perguntamos ao monge Uditha de que forma a meditação pode influenciar a vida das pessoas. “A meditação geralmente traz à vida das pessoas concentração e atenção. E uma vida com meditação é sinônimo de uma vida tranquila”, esclarece e complementa: “Meditação não é religião, é estar em paz no seu coração”.
As práticas de meditação são realizadas todo domingo e terça-feira às 18:30h, na sede da Associação Dhamma Ghara, localizada na rua do Carmo, nº 45, bairro Carioca. O trabalho do monge está aberto para todas as pessoas, culturas e religiões. Todas as atividades são gratuitas e podem ser realizadas doações voluntárias dos participantes.
Além da meditação o monge realiza a pooja (oferenda), toda segunda-feira, às 18:45h, momento dedicado a entoação de sutras e mantras budistas e pretende começar a ensinarsânscrito e pali, línguas que foram utilizadas nas antigas escrituras sagradas do budismo, hinduísmo e janaismo.
A associação Dhamma Ghara está preparando um retiro espiritual nos dias 29 e 30 de agosto, no Antigo Mosteiro de Santa Clara, perto da cidade de Itajubá, com meditação e práticas espirituais com o monge budista Uditha.
Mais informações: (35) 8886-7535 / Facebook: Dhamma Ghara.


Entrevista completa com o monge Uditha

O monge budista Liyanwela Udithasiri Thero, do Sri Lanka, está viajando pelo mundo há 2 anos com o objetivo de propagar a cultura, filosofia e prática budista.
Conversamos sobre meditação, práticas budistas e que atitudes tomar para melhorar nossa vida e o mundo. Confira a entrevista completa*:



Deborah Penna: Está gostando de São Lourenço?

Uditha: São Lourenço é uma cidade muito calma e as pessoas aqui são bondosas.

DP: Porque decidiu ser monge?
Uditha: Desde criança eu tinha interesse em ser monge. No Sri Lanka a figura do monge é muito comum e é comum também os jovens tornarem-se monges. Eu decidi aos 13 anos seguir a vida monge. Na época não entendia direito o que isso significava, mas via como os monges viviam vidas tranquilas e como as pessoas respeitavam o monge e como ele ajudava as pessoas, através a forma como ele falava. Via que ele era uma pessoa muito diferente. Então decidi ser monge e fui viver num mosteiro.

DP: Em que consiste sua missão no mundo?
Uditha: Eu acredito que se nasci como um ser humano e vim para esse mundo, então preciso fazer alguma coisa nesse período aqui que é tão breve. O mais importante para mim é evoluir dia a dia, segundo a segundo, a minha humanidade. E desenvolver o meu caráter, não só para mim mas também para outros, para ser uma pessoa especial, um exemplo de caráter e conduta.

DP: Em janeiro de 2015, o Papa Francisco visitou um templo budista na capital do Sri Lanka. Qual a importância da atitude de respeito do pontífice para vocês?
Uditha: Quando o Papa veio ao Sri Lanka realizamos uma grande cerimônia onde apresentamos também alguns rituais budistas. O Papa tem uma mente aberta e respeita todas as religiões. No Sri Lanka também temos muitos católicos, que ficaram muito felizes com a visita do Papa. Ele também visitou alguns mosteiros no país.

DP: Que temas serão abordados na palestra de sábado, na Fundação CIMAS?
Uditha: Falarei sobre métodos de meditação budista. Meditação não é religião. É estar em paz no seu coração. No budismo temos um sistema, com técnicas para meditação. E é sobre isso que eu falarei na palestra.

DP: Que linha espiritual você segue?
Uditha: A linha espiritual que eu sigo é Theravada Buddist. O nosso mestre espiritual é Siddartha Gottam Buddha e seguimos os seus ensinamentos, escritos nas escrituras sagradas, assentos em três “cestos”, conhecidos como Tripitaka (1º Vinaya Pitaka – uma lista com as regras para os monges; 2º Sutta Pitaka – os ensinamentos de Buddha; 3º Abhidamma Pitaka - que inclui filosofias budistas adicionais).

DP: Como a meditação pode influenciar na vida das pessoas?
Uditha: Estamos em meditação. A vida é meditação. A meditação geralmente traz à vida das pessoas concentração e atenção. Para nós o mais importante é fazer tudo com atenção. Quando comemos, quando dormimos, quando tomamos banho... Com o corpo, o medo e o mundo externo geralmente perdemos essa concentração e atenção. A meditação é a sua vida e precisa de prática constante. E uma vida com meditação é sinônimo de uma vida tranquila. Devemos meditar todos os segundos, não é apenas uma postura.

DP: Estamos vivendo um momento planetário de extrema violência. Qual seria uma mensagem do budismo que podemos aplicar para melhorar o mundo?
Uditha: No Budismo e em todas as religiões o ponto principal é o coração, o amor. Devemos cultivar o coração, com carinho e amor, e compartilhá-lo com as pessoas. O Budismo ensina como ser uma pessoa boa, tranquila e em paz e como ser útil para si mesmo e para os outros. E como levar uma vida em paz. Então se a pessoa está em paz e tranquila ela vai poder transmitir essa paz e proteger os que estão à sua volta, trazendo paz e tranquilidade também para eles.

A mensagem do Budismo que pode ajudar o mundo a ser um lugar melhor é a de compartilhar o amor, a bondade e o respeito entre todos os seres. Mas antes de fazer qualquer coisa pelos outros, precisamos compreender quem somos e o que podemos fazer. E o Budismo ajuda nesse auto-conhecimento.

DP: Quais são os seus planos para o futuro?
Uditha: Eu visitei vários países e vejo o que as pessoas no ocidente estão precisando. Para mim, Budismo não é religião. Eu estou em paz e estou feliz. E gostaria de compartilhar meu conhecimento. Sou um jovem monge e pensei que poderia fazer algo por outras pessoas, em outros países. Sinto que posso fazer mais fora do Sri Lanka, porque lá o conhecimento dessa cultura é mais comum, mais acessível. Aqui posso passar os ensinamentos e as técnicas para as pessoas encontrarem paz, desenvolver a espiritualidade e a bondade.

Meus planos aqui na cidade são praticar a meditação com as pessoas, ensinar sânscrito e palie a filosofia budista.

As atividades são abertas para todas as pessoas, culturas, religiões e classe social. Todas as atividades são trabalho voluntário, não envolve dinheiro. E são todos bem-vindos.


*A entrevista foi realizada em inglês. Tradução por Deborah Penna

Thursday, August 6, 2015

Caridade e amor servidos aos domingos, em São Lourenço

 Há 30 anos o Centro Espírita Auxiliadores Espirituais faz uma sopa para oferecer a quem precisa


“Sem caridade não há salvação”, este é um dos princípios básicos do espiritismo. Através da caridade, da ajuda ao próximo o ser humano trabalha o amor, a compaixão e o respeito pelo outro. E assim é a cada domingo, há mais de 30 anos no Centro Espírita Auxiliadores Espirituais.
Hoje, o Centro está localizado na rua Saturnino da Veiga, nº 400, onde servem a sopa e realizam outras ações de caridade, além de palestras, cursos e passe.
O jornal Correio do Papagaio foi visitar a sede do Centro, onde tudo acontece. No domingo da nossa visita o chefe do dia era Ariston, diretor geral do jornal Polémica, que junto a uma equipe de 10 pessoas prepararam a sopa do dia.
A partir das 14:00h chegam os voluntários e a cada domingo, uma equipe diferente . “Muitos dos voluntários não são espíritas. Temos cristãos, evangélicos que vêm ajudar também. O importante é a caridade”, ressalta André, um dos voluntários. “Em média, 50 pessoas tomam a sopa a cada domingo. Muitos são moradores de rua, mas tem muitas famílias e moradores de bairros mais pobres que vêm também”, conta e acrescenta: “Alguns são alcóolatras, outros usuários de droga. Respeitamos todos e nunca tivemos problemas com violência ou desrespeito”.
Luis Cláudio Jesus Dama, conhecido como ‘Gordinho’, ajudante de pedreiro, morador do bairro Vila Nova não perde um domingo e diz que já ganhou um cobertor quando precisou e ressalta que é sempre muito bem tratado. “Ajuda muita gente, que precisa muito”, diz com um sorriso. “Eu não perco nenhuma não”.
A sopa é servida às 17:00h, um caldo forte, com muitos legumes e carne. Antes de servir no salão é feita uma oração. “O nosso objetivo é reuní-los e passar uma mensagem, atendendo a parte espiritual também”, explica Maria de Fátima Cornélio, presidente do Centro Espírita. “Se fosse para matar a fome, teríamos que servir todos os dias, mas não temos equipe suficiente para isso. Mas pelo menos fazemos aos domingos e passamos um evangelho antes de servir o alimento”, acrescenta.
Maria de Lourdes é uma idosa, moradora do bairro Carioca e vem sempre com sua neta Lara para tomar a sopa. “Na verdade é um casal de gêmeos, mas venho só com ela, pois não consigo carregar o menino”, conta. “A minha neta não quer comer em casa no domingo, ela pede para vir comer a sopa”.
No final da sopa, cada um pode levar um pote para casa e assim dona Maria de Lourdes leva também para o seu neto, que ficou em casa. Os voluntários também se alimentam e se sobra sopa, o que é muito raro, eles levam para o asilo, para evitar o desperdício.
Uma obra que emociona e que nos faz refletir e inspirar. Quem quiser ser voluntário em algum domingo basta se dirigir ao Centro às 14:00h, na rua Saturnino da Veiga, nº 400.

Feira de roupa e Obra do Berço

Toda segunda-feira, das 15:30h às 17:00h é montada uma feirinha com roupas, sapatos, livros, bolsas, etc. Um autêntico bazar com preços ótimos e muita diversidade de produtos. A verba arrecada durante a feira é direcionada para a “Obra do Berço Maria João de Deus”, do Centro Espírita.
A Obra do Berço foi criada há mais de 12 anos para dar apoio às gestantes. São realizados cursos durante 2 meses, com informações de como cuidar melhor do bebê e de si mesmas. São também realizadas aulas de artesanato onde aprendem a pintar e bordar. No primeiro mês cada gestante recebe uma cesta básica e, ao final do curso, um certificado, um enxoval completo para o bebê e mais uma cesta básica. “Às vezes ganhamos um carrinho ou um berço de doação. Como são muitas mães, realizamos um sorteio entre elas para ver quem o leva para casa”, explica uma das voluntárias da Obra do Berço.

Centro Espírita Auxiliadores Espirituais

O Centro Espírita Auxiliadores Espirituais foi fundado em 3 de outubro de 1927. O terreno, doado por José Negreiros, um dos fundadores do Centro Espírita, ficava na rua Dr. Olavo Gomes Pinto, onde é hoje a Loja do Tadeu.
O Centro Espírita, além da sopa de domingo e da Obra do Berço realiza outras atividades durante todos os dias da semana.
Toda segunda e sexta-feira são oferecidas palestras públicas, com um auditório sempre lotado. Às terças-feiras é promovido um estudo da mediunidade e às quartas-feiras, estudo das obras de André Luiz.
Nas quintas-feiras, há o chamado “Atendimento Fraterno” que realiza um trabalho de cura no corpo físico através do espiritual. E aos sábados o Centro oferece Aulas de Evangelização para crianças e Encontro de Jovens para adolescentes.
Todas as atividades promovidas pelo Centro são abertas ao público interessado em participar e conhecer melhor as ações do Centro. Na última terça-feira de cada mês acontece a chamada “Peregrinação”, onde são distribuídas cestas básicas para famílias carentes na sede do Centro.
O Centro Espírita Auxiliadores Espirituais é uma instituição de utilidade pública, com estatuto e sócio cooperadores e contribuintes.